Marques Mendes anseia portagens nas SCUT. Como é isso possível?
No seu discurso de encerramento da “Universidade de Verão”, o presidente do Partido Social Democrata (PSD) criticou José Sócrates por ter adiado a introdução de portagens nas SCUT, classificando de “recuo do Governo” o adiamento para 2008 da implementação de portagens nas “auto-estradas sem custos para o utilizador”. Enquanto autarca, militante social-democrata com responsabilidades nas estruturas local e distrital do Partido e, sobretudo, enquanto algarvio, nascido e criado, tenho a obrigação de contestar publicamente esta posição de Marques Mendes. Porquê? Porque entendo que o presidente do PSD continua a ser a favor da introdução de portagens nas SCUT, sem excepção para a via do Infante.
Faço-o em absoluta consciência, honestidade e coerência com aquilo que também fiz num passado não muito distante, aquando de anteriores governos de maioria PSD. Sem rebuço, na altura, também eu participei na manifestação anti-portagens que uniu os algarvios de todas as cores políticas na EN n.º 125. Voltarei a fazê-lo caso a actual “convergência de vontades” entre o Governo e este, ou qualquer outro, líder da Oposição se mantenha.
Faço-o também por solidariedade para com outros cidadãos portugueses que utilizam SCUT’s que vão passar a ter de pagar portagem porque há alguns políticos que pensam que é “injusto” que uns paguem para utilizar auto-estradas e outros não. Como se o país fosse, ou tivesse de ser, todo igual e como se não houvesse outras “injustiças”, disparidades ou desequilíbrios entre umas zonas do país e outras...
O caso algarvio – aliás, como alguns outros – é muito específico. Por muito que se tente fazer crer aos algarvios que a EN n.º 125 é, ou poderá vir a ser, uma alternativa de circulação à via do Infante, eu não acredito nisso. E, por isso, acho que quem defende a introdução de portagens na via do Infante desconhece a realidade da mobilidade na região. E desconhece o quotidiano das pessoas, o que é pior.
Numa altura em que o Governo do PS anunciou a sua intenção de “requalificar” a EN n.º 125 com o propósito, para mim claro, de mais tarde vir a chamar-lhe “alternativa” à via do Infante, e para poder colocar-lhe portagens – preparando-se para fazer aquilo que tão veementemente criticou quando era Oposição –, tudo o que o actual líder da Oposição tem para dizer é que essa decisão do Partido Socialista só pecará por tardia? Tal demonstra, se calhar, que para ele os interesses dos algarvios ou das populações do interior do país contam menos que os dos portugueses do litoral acima do Sado? Não acredito, mas Marques Mendes, porventura sem se dar conta disso, passa para o país essa ideia.
O líder do PSD terá inclusivamente recordado, na “Universidade de Verão”, que “há muito tempo que o Partido diz ser uma injustiça haver auto-estradas com e sem portagens” e que, “à custa das portagens nas SCUT seria possível baixar impostos”. Mas, o que sabe Marques Mendes do pensamento dos cidadãos algarvios sociais-democratas a esse respeito? Que mandato das bases tem Marques Mendes para ter chegado a tais conclusões? O Partido pensará assim? Não creio. Antes pelo contrário. A haver mandato de Marques Mendes a esse respeito, pelo menos no caso específico do Algarve, seria precisamente no sentido oposto.
A via do Infante, tal como a regionalização, são causas que unem a população algarvia. Ora, conhecida que é a sua irredutibilidade contra a regionalização e pró-portagens nas SCUT, sem excluir a via do Infante, só resta aos algarvios e, em particular, aos sociais-democratas do Algarve, contestá-lo nessas suas posições. Até porque, como se sabe, a via do Infante tem pouco de SCUT visto que mais de metade foi construída muito antes com um modelo de financiamento totalmente diferente desse (outro equívoco!).
Quanto à baixa de impostos e à sua relação com as portagens: com as receitas das SCUT talvez fosse possível aliviar a carga fiscal, porém, parece-me que esse é um raciocínio demagógico. Não pelo facto de ser ou não oportuno baixar impostos agora que o “défice” é combatido pelo corte no investimento público somado à “ditadura fiscal” e não pela redução da despesa corrente do Estado. Mas sim porque, nesta matéria, defendo que, para ganhar(?) alguns votos na franja litoral portuguesa, onde reside a maior parte da população, jamais justificará querer ganhar eleições – e governar – contra 400 mil algarvios nem patrocinar medidas que convidam à revolta ou ao abandono do interior do país por todos aqueles que sentirão na pele a introdução de portagens nas suas SCUT, forçando-os ao regresso às rodovias de segunda e terceira categoria que os governos lhes oferecem “em alternativa”.
Em conclusão, um estadista, seja ele quem for, não pode pensar assim.
Faço-o em absoluta consciência, honestidade e coerência com aquilo que também fiz num passado não muito distante, aquando de anteriores governos de maioria PSD. Sem rebuço, na altura, também eu participei na manifestação anti-portagens que uniu os algarvios de todas as cores políticas na EN n.º 125. Voltarei a fazê-lo caso a actual “convergência de vontades” entre o Governo e este, ou qualquer outro, líder da Oposição se mantenha.
Faço-o também por solidariedade para com outros cidadãos portugueses que utilizam SCUT’s que vão passar a ter de pagar portagem porque há alguns políticos que pensam que é “injusto” que uns paguem para utilizar auto-estradas e outros não. Como se o país fosse, ou tivesse de ser, todo igual e como se não houvesse outras “injustiças”, disparidades ou desequilíbrios entre umas zonas do país e outras...
O caso algarvio – aliás, como alguns outros – é muito específico. Por muito que se tente fazer crer aos algarvios que a EN n.º 125 é, ou poderá vir a ser, uma alternativa de circulação à via do Infante, eu não acredito nisso. E, por isso, acho que quem defende a introdução de portagens na via do Infante desconhece a realidade da mobilidade na região. E desconhece o quotidiano das pessoas, o que é pior.
Numa altura em que o Governo do PS anunciou a sua intenção de “requalificar” a EN n.º 125 com o propósito, para mim claro, de mais tarde vir a chamar-lhe “alternativa” à via do Infante, e para poder colocar-lhe portagens – preparando-se para fazer aquilo que tão veementemente criticou quando era Oposição –, tudo o que o actual líder da Oposição tem para dizer é que essa decisão do Partido Socialista só pecará por tardia? Tal demonstra, se calhar, que para ele os interesses dos algarvios ou das populações do interior do país contam menos que os dos portugueses do litoral acima do Sado? Não acredito, mas Marques Mendes, porventura sem se dar conta disso, passa para o país essa ideia.
O líder do PSD terá inclusivamente recordado, na “Universidade de Verão”, que “há muito tempo que o Partido diz ser uma injustiça haver auto-estradas com e sem portagens” e que, “à custa das portagens nas SCUT seria possível baixar impostos”. Mas, o que sabe Marques Mendes do pensamento dos cidadãos algarvios sociais-democratas a esse respeito? Que mandato das bases tem Marques Mendes para ter chegado a tais conclusões? O Partido pensará assim? Não creio. Antes pelo contrário. A haver mandato de Marques Mendes a esse respeito, pelo menos no caso específico do Algarve, seria precisamente no sentido oposto.
A via do Infante, tal como a regionalização, são causas que unem a população algarvia. Ora, conhecida que é a sua irredutibilidade contra a regionalização e pró-portagens nas SCUT, sem excluir a via do Infante, só resta aos algarvios e, em particular, aos sociais-democratas do Algarve, contestá-lo nessas suas posições. Até porque, como se sabe, a via do Infante tem pouco de SCUT visto que mais de metade foi construída muito antes com um modelo de financiamento totalmente diferente desse (outro equívoco!).
Quanto à baixa de impostos e à sua relação com as portagens: com as receitas das SCUT talvez fosse possível aliviar a carga fiscal, porém, parece-me que esse é um raciocínio demagógico. Não pelo facto de ser ou não oportuno baixar impostos agora que o “défice” é combatido pelo corte no investimento público somado à “ditadura fiscal” e não pela redução da despesa corrente do Estado. Mas sim porque, nesta matéria, defendo que, para ganhar(?) alguns votos na franja litoral portuguesa, onde reside a maior parte da população, jamais justificará querer ganhar eleições – e governar – contra 400 mil algarvios nem patrocinar medidas que convidam à revolta ou ao abandono do interior do país por todos aqueles que sentirão na pele a introdução de portagens nas suas SCUT, forçando-os ao regresso às rodovias de segunda e terceira categoria que os governos lhes oferecem “em alternativa”.
Em conclusão, um estadista, seja ele quem for, não pode pensar assim.
Artigo publicado nas edições de hoje do jornal regional "Barlavento" (aqui) e do jornal online "Canallagos" (aqui).
Etiquetas: Marques Mendes, portagens, PS, PSD, SCUT, Sócrates
1 Comentários:
DEBATE PORTAGENS
SEGUNDA FEIRA - FORUM DA MAIA
Caros Amigos
O Movimento Cívico “Sociedade Aberta”, fez-nos chegar ao nosso e-mail a informação de que na próxima Segunda-Feira (5 de Maio de 2008) pelas 21H00, irá realizar-se no Forum da Maia (traseiras da Câmara Municipal da Maia) um Debate sobre as “PORTAGENS na A.41 (antiga IC.24) e A.28”, tendo como Oradores os seguintes intervenientes:
•António Bragança Fernandes (Presidente da C. M. da Maia)
•João Marrana (Administrador dos STCP)
•Narciso Miranda (ex. Presidente da C. M. de Matosinhos)
•José Paulo Carvalho (Deputado da Assembleia da República)
Uma Organização do Movimento Cívico "Sociedade Aberta", comparece pois é ENTRADA LIVRE.
Definitivamente . . . NÃO às Portagens nas SCUT’S . . . divulguem por favor este Debate o que desde já agradecemos.
Cumprimentos
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial