Insuspeito

Ambiente e Urbanismo. E-mail: nunomarques2009@gmail.com. Também no FACEBOOK, em www.facebook.com\nunomarques2009.

23 abril 2007

Democracia

Bernard Owen, um investigador do Centro de Estudos Comparativos da Universidade de Paris, numa breve entrevista concedida ao Público de 23 de Abril na sequência das eleições francesas, referindo-se ao carácter bipolar da repartição dos votos entre Sarcozy e Royal, diz que "uma democracia para funcionar bem deve ser equilibrada." E que "tem de haver duas tendências, uma para governar, outra para fazer oposição", como sucedeu, na sua opinião, no primeiro round das presidenciais francesas.
Os que passaram à fase seguinte são aqueles que se distinguem bem um do outro, Le Pen à parte, está claro.
Abstraindo-nos do contexto eleitoral francês, que lição podemos retirar das palavras de Owen se as aplicarmos à nossa pequena-grande realidade política local?
Pra mim, desde logo, uma: a nossa democracia autárquica passa actualmente por uma fase equilibrada.
Se bem percebo do que diz Owen, não há democracia sem haver Poder e Oposição com discursos claramente definidos e moderadamente opostos. E nesse aspecto, Lagos é - e continuará, pelo menos até às eleições de 2009 - a ser um bom exemplo disso.
É claro que muitos não compreendem qual é o papel de quem está na Oposição. Ou não querem, simplesmente, compreender quando pretendem reduzir o difícil (e por demais dificultado) trabalho da actual Oposição a mero bota-abaixo. Mesmo que o não seja, como é o caso.
Mas esses são os que querem que haja Governo sem Oposição.
São os que querem o Governo absoluto, para não chamar outra coisa.
Que é o mesmo que dizer que não querem equilíbrio democrático. Que não querem, no fundo, a democracia a funcionar.
Ao que parece, Bayrou, o candidato da UDF, usou e abusou do único e cínico discurso que o podia diferenciar dos outros. A ideia de "união" entre os ideiais de direita e de esquerda, tão do agrado de alguns terceiras-vias.
Bayrou perdeu ao não conseguir passar à segunda volta e, com isso, a democracia ganhou.
"Ele era o mais perigoso dos candidatos, porque colocava em questão o futuro da democracia, ao acabar com uma grande força na oposição e criar uma estrutura de acolhimento para partidos extremistas", diz Owen.
São os perigos deste tipo de políticos e de discursos.
É claro que as autárquicas de Lagos nunca serão as presidenciais francesas. Mas o que interessa é realizar que sem personalidades distintas e diferentes modos de estar e de ser na política, a democracia perde. Perderá sempre.
Ele, Júlio Barroso, e eu, somos bem distintos um do outro. E isso é óptimo para a democracia.
Pelo menos, para a nossa democracia autárquica.

2 Comentários:

Às 11:17 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Boa Nuno

 
Às 7:15 da tarde , Blogger Makejeite disse...

Poderia até fazer um comentário, não fosse eu ter a certeza absoluta que este ensaio é só uma peça de literatura politica completamente desajustada das necessidades que a oposição tem. A analise que eu faço da situação é que a oposição preceisa de ser forte, mas assim ela NUNCA crescerá. Lamentavelmente o PSD isola numa entidade a acção politica fazendo com que essa entidade se gaste. Darei a mão à palmatória, mas por este andar penso que as manterei intocaveis.

 

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial