Insuspeito

Ambiente e Urbanismo. E-mail: nunomarques2009@gmail.com. Também no FACEBOOK, em www.facebook.com\nunomarques2009.

31 março 2005

Ài se o Dr. Carvalho da Silva sabe disto.

(este ano há eleições e)
«Sras. e Srs., Domingo, 24 de Abril, é dia de trabalho!»

Já na última reunião de Câmara o Sr. Presidente tinha feito questão de vincar suficientemente bem esse pormenor. Ontem voltou a fazê-lo, para avivar as consciências.
Dia 24 de Abril, Domingo, véspera de feriado, os directores e chefes de serviço da Câmara estão “convidados” a acompanhar a visita guiada ao concelho promovida pelo Sr. Presidente.
Júlio Barroso quer mostrar aos membros da Assembleia Municipal a “obra feita”. Pelo “amável” tom do “convite”, ou muito me engano ou às chefias que porventura pensarem em faltar não sei se bastarão os tradicionais “motivos de força maior” para justificar as ausências.
A iniciativa integra as comemorações do XXXI aniversário do 25 de Abril.

Esta é a "Plaza del Mar" (Mediterrâneo)


Plaza del Mar - Novo Passeio Marítimo da Barceloneta,
Barcelona, Espanha.
J. Henrich, O Tarrasó, J. Artigues, M. Roig, A. Castaneda, 1996. Posted by Hello


Plaza del Mar - Novo Passeio Marítimo da Barceloneta,
Barcelona, Espanha.
J. Henrich, O Tarrasó, J. Artigues, M. Roig, A. Castaneda, 1996. (vista nocturna). Posted by Hello

A resposta que o “Arnaldo” suplicou.

(sobre o comentário de "Arnaldo Rosa" publicado no Canallagos)
Primeiro. Esta resposta só acontece porque, depois de ter questionado o principal responsável do “Canallagos” sobre a identidade do autor do comentário a um meu artigo, obtive de si a certeza de que “Arnaldo Rosa” é um pseudónimo de um jovem cidadão lacobrigense, filho de um autarca que conheço e cujo nome não me compete revelar.
Tanto quanto pude apurar junto do “Canallagos”, o dito comentário só foi publicado depois da verdadeira identidade do seu autor ter sido apurada e confirmada, e do autor saber à partida que, se a sua identidade fosse questionada, o “Canallagos” a revelaria de imediato. Outra coisa, aliás, não seria de esperar do “Canallagos” cuja ética é absolutamente irreprimível.
Segundo. Porque é que, afinal, estas obras são umas “estranhas obras”? Desde logo porque, para os milhares de pessoas que usufruem do passeio da Avenida, de uma ponta à outra, não existe informação capaz de esclarecer cabalmente o cidadão sobre a sua finalidade. Deste ponto de vista ninguém sabe que obra é nem para que é que serve.
Depois porque, num sítio onde, por exemplo, andam crianças a brincar, idosos a passear, jovens a praticar desporto, deixarem-se valas abertas, pedras amontoadas e passíveis de arremesso ou roubo, não vedarem a obra em toda a sua extensão, é algo necessariamente arriscado e incorrecto, por isso, inadmissível. Mais a mais numa obra feita em domínio público. (Será legal isto?...)
Ainda porque, tratando-se do sítio nobre e concorrido que é, vivendo nós do turismo, todo o cuidado é pouco para fazer com que a obra seja o mais discreta possível, seja feita fora dos habituais períodos de férias e incomode, física e visualmente, o menos possível.
Terceiro. Quando digo no artigo que “não duvido que [as obras] possam ter algum propósito válido” (“obras” e não “projecto”), quero dizer que fazer e aprovar um projecto é uma coisa. Fazer a obra, informando o cidadão comum, cumprindo com as condições de segurança e conforto, é outra substancialmente diferente (veja-se, por exemplo, a autêntica vergonha como as obras “Polis” no núcleo primitivo decorreram até aqui).
Quarto. Só lamento que o “Arnaldo” não tenha querido perceber que o meu ponto era, essencialmente, esse. E que tenha sido manipulado por quem tem o dever de o saber educar a participar, a contribuir, a criticar, e a assumir o que sente e o que diz.
O “Arnaldo” foi traído por quem quis apenas utilizar-se da sua inocência para intrigar e rasteirar. Quero acreditar que, se o “Arnaldo” tivesse por hábito assistir às reuniões públicas de câmara (já lá terá ido alguma vez?) não teria coragem sequer para me perguntar, com tanta maldade, “o que é que eu faço nas reuniões de câmara?”.
Estou à vontade para dizer que trabalho muito em prol do nosso concelho. Se bem, se mal, compete a outros julgar. E é talvez por isso que incomodo tanto esse “alguém” que, levado pelo pavor de perder o lugar que transitoriamente ocupa, se sente na contingência de obrigar outros a fazer estas coisas feias. Criticar, opinar. Errar, acertar. É da vida. Esconder-se atrás de pseudónimos é que não, “Arnaldo”, vai ver que sairá sempre por baixo.
“Arnaldo”, sabe o que é que o dicionário diz de “quem é traiçoeiro, que procede à falsa fé, de quem é desleal”? Sabe não sabe? Não queira ser como outros. Mesmo que a razão lhe assistisse, o que não acontece, a partir do momento em que alguém se esconde por detrás de um pseudónimo o crédito e a moral deixa de poder estar do seu lado.
(Se está tão convicto do que diz, se a sua informação é tão fiável assim, porquê o medo de se esconder atrás de um pseudónimo?...)

30 março 2005

«A falta de auto-estima é um sinal de provincianismo»
Marcelo Rebelo de Sousa, 29/03/05, Lagos, Hotel Tivoli.

O Prof. Marcelo esteve em Lagos

Foi realmente uma delícia ter estado ontem até à uma da manhã, no Hotel Tivoli, a assistir à palestra que o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa veio dar a Lagos a convite do "Rotary Club" e subordinada ao tema "Portugal - que futuro?"
Numa sala a rebentar pelas costuras, cheia de gente vinda de todo o Algarve para o ouvir, Marcelo Rebelo de Sousa, com o à-vontade, inteligência e facilidade de comunicação que lhe são inerentes, centrou-se mais nos desafios e problemas que, a seu ver, Portugal tem de ultrapassar, do que propriamente na tentativa de encontrar uma receita milagrosa para o futuro do país.
Entre muitas outras coisas, o Prof. Marcelo falou da ancestral dependência da sociedade civil face ao Poder, da falta de auto-confiança e auto-estima dos portugueses e da desconfiança generalizada que teimosamente subsiste na sociedade portuguesa face à iniciativa empresarial (quase como se tudo o que não depende directamente do Estado ou do Poder não prestasse), factores que obstam, seriamente, ao nosso crescimento e progresso social.
Tratando-se do tema que era, evidentemente que Marcelo teria de nos oferecer a sua perspectiva acerca das consequências da nova realidade social da imigração em Portugal - depois de, durante décadas, nos termos habituado a ser um país de emigrantes -, da (fraca) relação entre a Escola e o domínio empresarial português, ou ainda, da impreparação dos jovens e da Comunidade Escolar para lidarem com a necessidade de terem de desempenhar diferentes actividades profissionais ao longo da sua vida activa.
Fosse até às quatro da manhã e acredito que poucos teriam saído da sala.

29 março 2005

«Um Estado fraco e incapaz de desempenhar as tarefas fundamentais que lhe cabem é a pior das injustiças sociais. Quem tem dinheiro, bons contactos, influência social e política, etc. consegue ultrapassar os problemas resultantes de um Estado inepto. (...) Pelo contrário, quem conta pouco na sociedade fica exposto às fraquezas estatais.»
Francisco Sarsfield Cabral, "DN Online", 29/03/05, neste artigo.

«É grave que o nosso sistema político e fiscal torne irracional aos nossos olhos o dever de pagarmos impostos, porque nos descompromete socialmente. Mas só se pode mudar a situação mudando o sistema.»
Ana Paiva Caetano, "Público", 29/03/05, neste artigo.

Corrigir os defeitos do sistema

Ontem à noite, no programa "Prós e Contras", Carlos Barbosa, o presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP), disse que o filho (que até é campeão nacional de Todo-o-Terreno), tinha conseguido tirar a Carta de Condução, em Viseu, no prazo de dois-dias-dois!
Será que nenhum dos dois - ou o pai ou o filho - vai ser chamado à responsabilidade? A dizer em que Escola de Condução, com que instrutores, com que pessoas e, em termos concretos, a explicar como é que tudo se passou? Ou será que é mesmo possível tirar a Carta em dois dias no âmbito de alguma excepção legal que desconheço? (Se calhar é possível aos filhos dos presidentes do ACP tirarem a Carta em dois dias...).
Parece que, cada vez mais, as afirmações deste género, sobre condutas fraudulentas e não só, estão tão banalizadas que já ninguém se importa com nada.
São sinais perigosos da descredibilização das instituições, do Estado e das pessoas. Da democracia em si.
É mesmo preciso e urgente inverter estas tendências, corrigindo energicamente os defeitos do sistema.

27 março 2005

RTPI lança manifesto "Let´s Push Things Forward"

O Royal Town Planning Institute (RTPI) acaba de lançar Let´s Push Things Forward, um manifesto com novas ideias para resolver problemas actuais da prática urbanística britânica. Um contributo com o objectivo de influenciar a agenda política inglesa e as políticas do Governo que sair das próximas general elections. Convém estar a par do que propõem os planners desta importante organização.

Uma cultura que repugna

«OS PORTUGUESES DETESTAM O ESPAÇO público, que sujam sistematicamente. No que são ajudados pela Câmara, que o esquece, maltrata e varre mal. Podem ser limpos em casa, é possível. Mas o bem comum é, para o nosso concidadão, desprezível lixeira ou fonte de rendimento ilícito(sublinhado meu).
António Barreto, "Público", 27/03/05, neste artigo.

Eu não estaria tão certo de que eles sabem realmente isso tudo

«Uns e outros, patos bravos, políticos, promotores imobiliários e financiados do betão de qualquer estirpe, sabem que a ruptura no ordenamento, a perda de mercados turísticos, a degradação da qualidade de vida, a fragilização progressiva a catástrofes naturais, vai chegar em força como tem acontecido noutros países. Mas enquanto o pataco for luzindo que lhes importa isso?»
Eduardo Dâmaso, "Público", 27/03/05, neste artigo.

26 março 2005

Eu cá estou do lado da democracia

«Cada um tem, obviamente, direito à sua opinião sobre a legitimidade ou ilegitimidade da intervenção dos EUA no Iraque.
Hoje, porém, a situação não oferece dúvidas: de um lado está o terrorismo internacional e os seus aliados, de outro lado está a coligação e as forças iraquianas interessadas na democracia.
E é relativamente a isto que temos de nos posicionar: estamos do lado da democracia ou do lado do terrorismo?
Estamos do lado da democracia ou, para provar que os americanos estavam errados, somos aliados dos terroristas?»
José António Saraiva, "Expresso OnLine", 26/03/05, neste artigo.

25 março 2005

É o mercado a funcionar...

«O que terão PSD e CDS para dizer se, tal como Blair, Sócrates lhes roubar a clientela?»
Pedro Lomba, "Diário de Notícias", 25/03/05, na "Geração de 70",

«António Borges prepara uma moção ao congresso do PSD»

De acordo com uma notícia de hoje do DN, António Borges, na moção de estratégia que vai levar ao próximo congresso do PSD, «defende que o PSD deve abraçar causas como o ambiente, a cultura, o ordenamento do território, o combate à sida ou o planeamento familiar. No texto, defende-se que o partido deve definir o combate à corrupção e o nepotismo como uma prioridade política. Em segundo lugar, este grupo de militantes defende a aproximação de eleitores e eleitos, com o argumento de que o partido deve sair da "discussão estéril de lugares" e abrir-se à sociedade civil, tendo a consciência de que o "aparelho partidário tem sido um obstáculo à abertura do partido". Em terceiro lugar, a aposta é na educação e na aposta na educação profissionalizante. (...) entre os apoiantes deste documento estão alguns notáveis sociais-democratas como José Pedro Aguiar-Branco, Alexandre Relvas, Rui Rio, João Silveira Botelho, Jorge Bleck, Leonor Beleza e Alexandre Patrício Gouveia.»
in Diário de Notícias, 25/03/05, nesta notícia

Quando tivermos o país todo loteado logo se pensa no planeamento

«5. A morte de três polícias em menos de um mês no concelho da Amadora não aconteceu ali por acaso geográfico. Quem semeia o betão descontroladamente colhe criminalidade e insegurança. Quem planeia (?) e faz erguer cidades desumanizadas, sem jardins, sem passeios, sem espaços públicos, sem escolas decentes, sem acessos correspondentes à dimensão da construção, condena-as previamente a serem guetos sociais onde germina a marginalidade e a lei do salve-se quem puder.»
Miguel Sousa Tavares, "Público", 25/03/05, neste artigo.

22 março 2005

"Tout changer sans rien toucher"

Cristian Drevet, o autor do projecto, disse a propósito desta intervenção: "Tout changer sans rien toucher". Mudar tudo sem tocar em nada. Sublime.
(Não era em água que queriam tornar a Praça do Infante e o Jardim da Constituição? Ainda vão a tempo de alterar o projecto.)


"Place des Terraux", Lyon, França. Arq.º Cristian Drevet, 1994.
Posted by Hello


"Place des Terraux", Lyon, França. Arq.º Cristian Drevet, 1994 (vista nocturna) Posted by Hello

“– Primeiro estou eu. O cidadão que espere.”

Já toda a gente neste concelho percebeu que o Dr. Júlio Barroso (JB) é o candidato do PS às próximas autárquicas. Já toda a gente percebeu que JB é o único candidato que o PS tem para apresentar às próximas autárquicas. Já toda a gente percebeu que JB, presidente da Câmara, provedor da Santa Casa da Misericórdia e notário – se me esqueci de algum cargo digam… –, já fez as suas contas todas e já decidiu.
Candidata-se novamente, ganha as eleições (isto é ele a pensar…), ganha as eleições, abandona a presidência para ir abrir o seu cartório notarial privado, que lhe dá muito mais dinheiro e muito menos chatice, e oferece o cargo de presidente ao segundo da lista. Isto são as contas dele e do PS, está claro.
No meio disto tudo, as contas do cidadão que precisa de fazer uma escritura, que desespera pela marcação e realização de uma escritura, as contas do cidadão é que saem erradas.
Diz JB, na sua entrevista ao “Correio de Lagos”, que a sua licença especial por serviço público dura até ao fim do seu mandato autárquico, pelo que não irá proceder à abertura do cartório privado até lá. O cidadão que espere, se quiser. Se não quiser vá a outro concelho fazer. Ou então que espere, como sempre esperou, para fazer a sua escritura em Lagos.
Este país às vezes impressiona. Um governo, por acaso do PSD, fez uma reforma profunda – concorde-se ou não com o teor – para facilitar a vida ao cidadão. Uma reforma pela qual também JB tantos anos lutou para que se efectivasse. A reforma está feita e JB até reconhece que está bem feita.
(– Ò Sr. Presidente, terá esta sido mais uma das “trapalhadas” ou mais uma daquelas “políticas desastrosas” do Governo anterior? Porque é que nunca o ouvi criticar o anterior governo pela privatização do notariado? Não precisa responder. O seu silêncio durante este processo foi suficientemente revelador.)
Agora é JB, um único cidadão deste país, olhando apenas e só para o seu interesse pessoal, que decide quando é que põe o cartório a funcionar!? Pelos vistos, sim. O que é mau.
Imaginemos que JB era presidente durante os próximos dois ou três mandatos. Teria o cidadão que esperar o tempo que ele quisesse para que o seu cartório entrasse em funcionamento? Arranjava um substituto por tempo indeterminado quando a lei diz que a licença é pessoal?
Deixava de ser notário para dar a vez a outro? Alguém acredita nisso?
Afinal de contas as reformas servem para quê? Para ficar tudo na mesma é que não deve ser.

21 março 2005

“Picada rápida não dói”

«Na acupuntura, o importante é que a picada seja rápida. (…) A mesma coisa acontece na acupuntura urbana. Foi assim que em Curitiba, em 1972, implantou-se a primeira zona de pedestres. Essa operação foi feita em 72 horas.
Ainda me lembro de que, ao divulgar o projecto, a reação dos comerciantes foi contrária e muito forte. (…) A previsão dada pelo meu Secretário de Obras era de, no mínimo, alguns meses. Insisti na rapidez e no prazo de 48 horas. Tenho a certeza de que fui considerado louco. Até que o secretário procurou-me e disse que a obra seria possível em um mês. Recusei novamente (…) até que o secretário chegou ao limite: uma semana. Relutei e consegui um acordo para um prazo de 72 horas. Começaríamos numa sexta-feira à noite e entregaríamos a obra à população na segunda-feira à noite. (…) E assim foi feito.
No dia seguinte à inauguração, um dos comerciantes que encabeçavam um abaixo-assinado contra o projecto apresentou-me um novo pedido: que as obras continuassem e abrangessem mais regiões.»
Jaime Lerner in "Acupuntura Urbana", publicado pela editora "Record" em 2003.
(Escrita em “português do Brasil”)

Os números que traem o mártir

Desde há muito que nos habituámos a conviver com a imaginação fértil do Sr. Presidente da Câmara e com as suas órfãs leituras sobre a realidade. Só ele vive e só ele vê uma realidade onde o único ser íntegro, sério, justo e competente é ele. Uma realidade onde se “não reinasse alguma incompetência e falta de zelo”, como diz, tudo teria sido diferente no mandato que este ano termina.
Júlio Barroso é presidente de um Executivo com maioria absoluta mas, segundo ele, é ele o único que não tem quaisquer responsabilidades sobre os reconhecidos falhanços da sua prestação autárquica. É (quer ser), portanto, uma vítima. Mais uma desgraçada vítima do nosso sistema político!
Desde sempre que a tolerância foi da nossa parte o princípio seguido sobre a sua desconcertante esquizofrenia. Nunca esquecendo, obviamente, que esse é um daqueles “atributos proibidos”, designadamente, de quem tem as responsabilidades que ele tem.
Como não podia deixar de ser, vem isto a propósito da sua recente entrevista a um jornal local. Como da esquizofrenia à mentira a distância é curta, deixar passar isso em claro é comportamento que não se enquadra na nossa maneira de estar na vida pública. Combate de opiniões, mesmo que demagógicas e fantasiosas, sim. Cruzar os braços perante a mentira, não!
Para quem diz que é “muito exigente consigo próprio” e que “prepara e estuda as coisas com cuidado”, e mesmo reconhecendo que “números” nunca foram a sua especialidade, dizer com tão surpreendente à-vontade que, actualmente, “as dificuldades são maiores e o dinheiro é agora bem mais escasso do que era na década de 1990”, para explicar a tão fraca prestação do seu mandato autárquico, é algo que obriga à reposição da verdade.
Pondo de lado, até, a receita extraordinária obtida com a venda da ETAR de Lagos (2,3 milhões de contos!) – uma daquelas decisões políticas que o Sr. Presidente diz que, há meia dúzia de anos, não era admissível tomar; por isso o PS esteve contra, e agora é a favor…–, números são números, e aqueles que são do meu conhecimento são precisamente os mesmos que o Sr. Presidente tem a obrigação de conhecer mas que, pelos vistos, finge não conhecer.
A evolução da receita corrente – onde não entram, é claro, as “extraordinárias” – da Câmara Municipal de Lagos é nítida. O seu trajecto desde 1998, prova que as receitas, desde 2001, têm-se situado em patamares nunca dantes atingidos.
Se antes as receitas andavam abaixo dos 20 milhões de euros anuais, em 2001 passaram essa barreira, para nos anos subsequentes evoluírem, sucessivamente, para os 22,9 milhões (2002), 28 milhões (2003) e para os 31,4 milhões de euros (!) no ano transacto. Se compararmos, por exemplo, a receita corrente da câmara no ano de 1998 – 13,9 milhões de euros – com a receita do ano passado, facilmente chegamos à conclusão de que em 2004 a receita é, nem mais nem menos, claramente superior ao dobro daquela.
Como é que isto se explica? Quem, por exemplo, paga contribuição autárquica, do mais rico ao mais pobre, sabe do que estou a falar. Quem é que aumentou a contribuição autárquica? Quem paga, sabe igualmente quem foi – Júlio Barroso, o novel mártir da política nacional.
A propósito. Se o pavilhão e as piscinas até se pagam com o dinheiro da venda da ETAR, se a escola básica da Ameijeira até custou menos do que o previsto (sempre é mais barato substituir uma pala de betão por uma cobertura de tela…), se a nova escola Gil Eanes até é o Governo que a paga e se as realizações são tão poucas, para onde é que vai tanto dinheiro?

19 março 2005


Intervir com modernidade no centro histórico. Plaza de los Fueros, Estella, Espanha, Arq.º JF Mangado, 1993 (vista diurna) Posted by Hello


Intervir com modernidade no centro histórico. Plaza de los Fueros, Estella, Espanha, Arq.º JF Mangado, 1993 (vista nocturna) Posted by Hello

O descrédito de quem aceita. E de quem convida?

«Freitas do Amaral, em nome de um qualquer chamamento (que pode sempre ser interpretado como puramente demagógico, mesmo que o não seja), aceita. Capitula. Cede. Dá azo a que se diga “agora percebo o apelo ao voto no PS”, “são todos iguais”, “o que ele queria era isto”… Dá razão a descrédito.»
Pedro Rolo Duarte, DNA, 18-03-2005

Se fosse só no PS…

«Parece que há uns cavalheiros socialistas que andam muito queixosos. Eu compreendo-os. São anos e anos de maus hábitos e de ‘participação nos lucros da empresa’. Esclareça-se que, neste caso, a empresa é o Estado e a participação nos lucros significa um lugar na partilha ou distribuição do poder.»
Francisco José Viegas, Jornal de Notícias, citado na rubrica “Lido”, do Diário de Notícias, 18-03-2005

E nas “autárquicas” também saberão distinguir

«Não percebo porque é que algumas pessoas têm medo de fazer um referendo no dia das eleições autárquicas. No dia das eleições presidenciais americanas realizam-se, habitualmente, dezenas de referendos locais e estaduais. Em 1987, em Portugal, votou-se no mesmo dia para eleições legislativas e europeias. Os resultados foram muito diferentes nas duas eleições. Ou seja, os portugueses sabem distinguir, em cada eleição, o que está em jogo.»
Duarte Lima, Diário de Notícias, 18-03-2005

18 março 2005


A Baía de Lagos e a Costa D'oiro vistas do céu Posted by Hello

Dá que pensar

"A zona de Lagos/Sagres foi a que, nos meses de Janeiro e Fevereiro deste ano, mais baixos índices de ocupação de alojamentos em unidades hoteleiras registou em todo o Algarve, e foi uma das que mais desceu em relação aos índices de ocupação registados em idêntico período no ano anterior."
in "Lagos com a ocupação hoteleira mais baixa", notícia publicada na página 6, da edição n.º191 do jornal "Correio de Lagos".


A Baía de Lagos (perspectiva inversa) Posted by Hello

17 março 2005


A Baía de Lagos Posted by Hello

Cruzada ao Bojador

Já ouvi e li muita coisa sobre a famosa viagem ao Cabo Bojador. Sobretudo, vozes que se indignam acerca de quem e quantos integraram a comitiva. Se bem percebi das palavras do Sr. Presidente da Câmara, ontem na reunião do Executivo, a comitiva comandada por si, integrou representantes de 3 associações empresariais (Associação dos Armadores, ASEMBA e ANJE), 4 órgãos de comunicação social (SIC, TVI, "Correio da Manhã" e "Correio de Lagos"), 3 técnicos municipais, e ainda, as representações da Assembleia Municipal (3 membros), empresa "Águas do Algarve" e Escola Secundária Dr. Júlio Dantas.
Para além dos custos que tudo isto envolve, o que verdadeiramente me espanta é a determinação do Sr. Presidente em levar os empresários a investir no Bojador num momento como este, tão difícil (dramático até, nalguns casos) para a socio-economia local.
Nesta altura, em vez de termos um presidente preocupado e determinado em dar condições aos de cá e aos de fora, um presidente empenhado em ir lá fora buscar investidores para gastarem cá o seu dinheiro e com isso criarem mais postos de trabalho e mais riqueza, o que vemos é precisamente o contrário - um presidente empenhado, isso sim, em gastar dinheiro nosso para levar os nossos empresários para fora daqui... Não lembra ao Diabo!

Cito, neste caso, porque concordo.

«Na verdade, a citação é um mecanismo de autoridade e ninguém é obrigado a citar se não acha interesse ou relevância. Cita-se quando se concorda ou se discorda muito, ou quando se acha que a matéria é relevante, mesmo quando são apenas "sinais" que se detectam. (...)
Ouvem-se recicladas as vozes de que agora há que dar um estado de graça ao Governo, deixá-los trabalhar, ver o que valem, o que era exactamente o que Lopes pedia. Quem não o fizer só pode ser um empedernido e faccioso partidário, impulsionando a sua agenda ou a do seu partido, que deverá ser substituído por um académico, ponderado e equilibrado, independente e isento, por coincidência da área do moderno "bloco central".
Os colocadores de feltro estão já a trabalhar afanosamente com o objectivo de encher tudo de almofadas protectoras para os socialistas.»
(sublinhado meu)
J. Pacheco Pereira, "Os colocadores de feltro", in jornal "Público", edição de 17/03/2005

16 março 2005

É triste! Mas é assim e tem de mudar.

Em plena sessão do Executivo Municipal, um casal de lacobrigenses, depois de, em 2003, ter reclamado por escrito e nada ter sido feito, questionou directamente o Sr. Presidente da Câmara acerca dos elevados níveis de ruído que passaram a registar-se no troço rodoviário compreendido entre a designada “rotunda do Centro de Saúde” e a rotunda de acesso à Via do Infante desde a abertura da A22 ao trânsito.
Cansados do infernal desassossego e de esperar por quem tem a obrigação de resolver o seu problema, decidiram, temporariamente, abandonar a sua moradia e procurar paz noutro sítio. Até que um dia, e de alguma forma, algum responsável se digne resolver a situação. A sua e a dos seus vizinhos.
Meus amigos, isto é triste!
É triste quando me lembro dos milhões e milhões que se gastam inutilmente e vejo que passou um mandato autárquico e a ligação “Fonte Coberta – 4 Estradas”, essa sim, a verdadeira solução do problema, nem projecto de execução ainda tem.
É triste quando me lembro da lamentável perda da qualidade de vida de alguns dos meus concidadãos e do incompreensível adiamento de um investimento estruturante para as gentes do concelho e do Barlavento Vicentino.
É triste quando me lembro do desdém, do orgulhoso e sobranceiro desprezo, com que alguns me trataram quando, em devido tempo, os alertei para o erro brutal que iriam cometer ao aceitar a qualquer preço a ligação da A22 naquele ponto da EN125.
É mesmo muito triste! Mas é assim e tem de mudar.

"Learning from Benidorm"

“Benidorm é a máquina de turismo de massas mais eficaz de Espanha. Com uma densidade populacional três vezes superior à da Cidade do México, acolhe 6% do turismo de Espanha em apenas 7 Km de costa; (…)
O seu êxito baseia-se numa profunda e detalhada análise do comportamento e motivações dos turistas e numa óptima gestão logística. A oferta turística adequa-se exactamente à procura.
Na resposta a um amplo e variado leque de classes etárias, nacionalidades e estratos sociais, está a garantia de uma alta e constante taxa de ocupação hoteleira durante os 12 meses do ano. A actual capacidade total de alojamento em estabelecimentos hoteleiros é de 57.800 camas.” (…)

In “Costa Ibérica – Hacia la Ciudad del Ócio”, MVRDV, editado pela ACTAR

15 março 2005

Será tão errado pensar assim?

«O vendedor ambulante muitas vezes é caçado plos fiscais burocráticos. É pena, pois ele não é apenas um comerciante, às vezes, reconheço, atuando de forma ilegal. Mas ele deve ser visto com olhos mais generosos, dada a amplitude de sua atuação.» (...)
«Na verdade, o vendedor de hot dog em Nova Iorque, de água-de-coco no Nordeste, as vendedoras de acarajé na Bahia, o homem que grita olha o mate nas praias do Rio ... todos têm um componente de identidade muito forte. Eles acrescentam o som, o cheiro, a cor, e isso faz com que a nossa identidade se sustente»(...)
«Cidades que às vezes não têm grandes atrativos em determinadas regiões mudam radicalmente quando são arborizadas. Muitas cidades conseguem ganhar unidade por meio da vegetação intensa.» (...)
«Curitiba plantou um milhão de árvores em menos de duas décadas. O começo foi um gesto de verdadeira gentileza urbana. Para garantir a irrigação de todas estas pequenas árvores plantadas nas ruas, foi solicitado o apoio da população. O governo municipal lançou uma campanha que dizia: A prefeitura dá a sombra e você, a água fresca.»

Jaime Lerner in "Acumpuntura Urbana", publicado pela editora "Record" em 2003.
Oscar Niemeyer, no prefácio do livro, refere-se assim à obra feita de Jaime Lerner:
«Se examinarmos a atuação de Jaime Lerner no campo do urbanismo, vamos sentir como a intuição o tem levado às modificações urbanísticas que conferiram a Curitiba características completamente diferentes das outras capitais do nosso país.»
Jaime Lerner nasceu em Curitiba. É arquitecto e urbanista formado pela Universidade Federal do Paraná. Foi prefeito de Curitiba por três vezes e governador do Paraná em duas gestões. É presidente da UIA, a União Internacional dos Arquitectos.

A Avenida fez mal a alguém?

Este Executivo camarário, absolutista (de maioria absoluta, bem entendido!), revelou ao longo do seu mandato, comportamentos democráticos muito curiosos. Vejamos, por exemplo, o caso da Avenida dos Descobrimentos.
Primeiro foi a introdução daquela medonha bateria de "pilaretes" (que em linguagem técnica são mais conhecidos por "dissuasores de estacionamento") Avenida dos Descobrimentos acima, sem dar cavaco a ninguém. A medida teve, pelo menos, o indiscutível - digamos, paradoxal - alcance de vedar a ocupação abusiva dos carros onde ninguém abusava, e de deixar como estava, até hoje, a ocupação abusiva onde muitos continuam a abusar!?
Seguiu-se a célebre e tão discutida obstinação de alagar a Praça do Infante e o Jardim da Constituição, contra tudo e contra todos, "contra ventos e marés"...
Depois foi a introdução dos semáforos, cuja quantidade por m2 habilita esta cidade a inscrever o seu nome no Livro dos Recordes. Para não destoar do padrão "democrático" que tão bem a caracteriza, a maioria absoluta continuou sem se dar ao trabalho de nos informar do que queria fazer, nem porque é que o fazia, previamente à sua colocação.
Agora são uma estranhas obras que acontecem no nosso singular "calçadão", as quais ninguém sabe o que são nem para que servem. Não duvido que possam ter algum propósito válido. Qual será é que ninguém sabe.
Afinal de contas, a Avenida fez algum mal a alguém para merecer tão doloroso castigo?

A segurança no centro das atenções?

1. Um estudo efectuado à 3 anos atrás na Inglaterra para aferir as preferências das pessoas com mais de 15 anos na escolha do melhor lugar para viver demonstra que a segurança é o factor privilegiado (56% das respostas). Em segundo e terceiro lugares, respectivamente, embora largamente distanciadas da primeira, aparecem as preocupações com o fácil acesso a cuidados de saúde (39%) e com o preço da habitação (37%). E por cá, quais seriam os resultados de um inquérito deste tipo?

2. No último "Salão do Imobiliário", 40% da oferta de novos empreendimentos residenciais eram os designados "condomínios privados". Qual é afinal a verdadeira motivação dos portugueses que procuram este tipo de empreendimentos? Será só, uma questão de estatuto social, como alguns defendem, ou as questões da segurança estão cada vez mais no centro das atenções de quem procura casa?

Porque é que não perguntam antes à Dr.ª Maria José Morgado

A Associação Nacional de Municípios Portugueses anda em guerra aberta com o Dr. Saldanha Sanches. Não é que ele se tenha portado nada bem ao dizer, generalizando, que "o número de presidentes de câmara que exigem luvas para instalar empresas no seu concelho é assustador".
O que é facto é que muito pior fez a Dr.ª Maria José Morgado (MJM), que por acaso até é sua esposa, e nada lhe aconteceu. No seu livro "O inimigo sem rosto - Fraude e corrupção em Portugal", publicado pela D. Quixote em 2003, entre muitas outras afirmações arriscadas, MJM já dizia que "de entre as práticas corruptas identificáveis e concretizadas, a mais antiga, que hoje apresenta alguns sinais de desgaste, é a extorsão pura às empresas."
Reportando-se a uma sondagem da Marktest para justificar várias afirmações nada abonatórias da honorabilidade dos autarcas em geral, MJM diz que "não é por acaso que uma sondagem recente, feita pela empresa Marktest para o jornal Diário de Notícias, com uma amostra de 811 indivíduos, revela que 78,2% dos inquiridos considera que a corrupção é um mal generalizado nas autarquias portuguesas".
Nem mais! Está visto. Quando o Juíz, em tribunal, perguntar a Saldanha Sanches em que é que se baseou para fazer as afirmações que fez, das duas uma. Ou diz que é melhor perguntar à sua esposa ou vai dizer que se limitou a reportar-se aos resultados de uma sondagem publicada no DN!
Quem ainda se arrisca a ir preso são as 78,2% das almas que responderam à sondagem... O problema agora vai ser saber quem são e onde é que mora essa gente?