"O melhor dos males"
Terá sido com a consciência de que é preciso dar mais celeridade a qualquer decisão e que, mesmo qualquer opção não se compadece com o confronto de outras opiniões ou, sequer, de críticas que se lhe possam levantar, que o poder tenta cortar o mal pela raíz ao formular juízos de valor sobre todos os que se ousem pronunciar, a não ser favoravelmente, ou formular quaisquer críticas menos convenientes. A esse respeito, falta saber quem terá legitimidade moral-social, técnico-intelectual ou política séria para emitir qualquer opinião ou para fugir à verdade oficial. Mas a incógnita maior reside em se decifrar quem é que acabou por conquistar a sua cátedra à custa de bazófias e demagogias baratas para se fazer ouvir sem se submeter à verdade oficial. Por este andar, não estaremos longe do tempo em que alguém, para se pronunciar, ou interferir no debate político local, não o possa fazer sem que antes lhe seja passado uma certidão em jeito de legitimação. (...) Sem entrar na dimensão pessoal, o contraditório, a diversidade e a pluralidade de opiniões fazem parte da essência da vida democrática. E esta, por enquanto, ainda continua a ser o melhor dos males.
Guedes de Oliveira, António, "O melhor dos males", in Correio de Lagos on line (ver artigo)
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