Jogo perigoso
Ao acrescentar duas "notas pessoais" ao seu editorial no Boletim da Câmara Municipal de Lagos deste mês, o presidente Júlio Barroso passou das marcas.
O facto de, no post scriptum do Boletim Municipal, Júlio Barroso chegar ao ponto de insinuar que pessoas sérias e honradas são aquelas que, por estes dias, lhe têm manifestado a sua solidariedade e repulsa pelo que têm visto e ouvido, não fica bem ao presidente de Câmara de todos os lacobrigenses nem ao provedor da Misericórdia.
Não fica bem a ninguém.
Então e aquelas que não o fizeram, por algum motivo (pessoal, político ou por indiferença), serão, por isso, menos sérias e honradas?
Então e aquelas que não o fizeram, por algum motivo (pessoal, político ou por indiferença), serão, por isso, menos sérias e honradas?
Nenhum motivo de ordem pessoal justifica a utilização do Boletim Municipal para o contra-ataque aos fantasmas cabalísticos que devem estar a perturbar o espírito do presidente. Nenhum!
Mesmo que isso afecte a imagem e a confiança que muitos, certamente, nele depositaram, não o devia ter feito.
Ao fazê-lo, o presidente da Câmara esquece-se que está obrigado por lei, e por ética pessoal e política, à necessária separação de cargos - o de presidente e o de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lagos.
Pelos vistos, não bastou ao presidente, por sua iniciativa, ter puxado para uma das últimas reuniões do Executivo Municipal o documento que a Mesa Administrativa da Misericórdia difundiu para a comunicação social a propósito da investigação ao financiamento do Lar Raínha D. Leonor e da sua constituição como arguido no processo judicial, alegadamente, em curso.
Não. Júlio Barroso foi mais longe.
Não só não percebeu que esse é um assunto que só a ele, à Misericórdia e ao Ministério Público importa. Que é um assunto de Justiça e não um assunto da Câmara ou do seu presidente.
Também perdeu - o que é grave - a noção das distâncias a que está obrigado a cumprir entre os cargos que ocupa o que o leva para o campo do jogo perigoso e da promiscuidade.
No essencial, Júlio Barroso agiu como se de um dono da Câmara e da Misericórdia se tratasse. Não como alguém que, circunstancialmente, desempenha os cargos de presidente e de provedor.
E quando assim é... não dá para encolher os ombros. Que é dizer, para o árbitro fingir que não viu.
2 Comentários:
Sem querer entrar no conteúdo do artigo,quero expressar a minha total discordância no que diz respeito a esta mistura de cargos.
Quando se é detentor destes dois cargos,onde começa um e acaba o outro?ou vice versa.
O homem foi eleito para governar a cidade.A Misericórdia que fique entregue a outro.
Isto das misturas dá sempre mau resultado.
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