Insuspeito

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07 maio 2009

Qual orquestra do Titanic...

«Como é que a Câmara vai financiar as operações correntes nos próximos anos?», perguntou um deputado municipal na reunião da Assembleia a propósito da grave situação financeira da Autarquia devido à significativa descida das receitas.
«É uma boa pergunta, mas não tenho resposta», respondeu, conformado, o senhor presidente da Câmara.
Antes dessa afirmação, porém, já o presidente disparara contra a Oposição a dizer que «[a]penas alguns grandes adivinhos adivinharam depois da crise que a crise ia acontecer», como quem diz: «estiveram tantos anos calados e agora vêm dizer que nos previniram de que estávamos a gastar de mais? Os senhores estão é a fazer demagogia barata!»
Se calhar, ainda o ouviremos dizer que a culpa da crise, e da Câmara passar de rica a tecnicamente falida em apenas meia dúzia de meses, era da Oposição e dos Serviços, que não o avisaram a tempo...
Não é que tal ‘sacudidela de água do capote’ me incomode especialmente.
“Em política, ainda mais em ano de eleições, a melhor defesa é o ataque, escrupuloso ou não”, pensará o senhor presidente. Porque não se tratando de alguém com uma memória anã, só uma noção do género explicará que Júlio Barroso não aja de boa-fé quando diz o que diz com tamanha veemência.
Dos Serviços Técnicos Municipais responsáveis pela área das finanças, o senhor presidente não se pode queixar. Desde sempre que é informado, através de relatório mensal, da situação financeira municipal e da necessidade de poupar para alcançar uma efectiva contenção das despesas de funcionamento, as quais, em sete anos, passaram de 16 milhões para 37,6 milhões de euros/ano.
E da Oposição também não vemos razões para isso. Estávamos nós em 2006 e já eu lhe dizia «que considerava arriscado a tendência seguida pelas Câmaras Municipais que assentam os respectivos orçamentos nas receitas provenientes do IMT/SISA, uma vez que poderão ser afectadas pelas vicissitudes do sector imobiliário», (ver Acta da CML de 22-11-2006).
Mais recentemente, faz agora um ano, citado numa nota de imprensa do PSD/Lagos, voltei a dizer que «[a] prazo, a situação será preocupante porque a despesa corrente exagerada que hoje temos vai comprometer a capacidade de investimento municipal caso o mercado de transacções imobiliárias abrande conforme previsto.» Estávamos em Maio de 2008.
Previa-se. Avisámo-lo. E aconteceu mesmo.
No meio de tudo isto, o que mais me espanta ainda é a sua confissão de incapacidade, o seu conformismo, para responder à delicada situação financeira municipal com medidas capazes de a inverter.
A Câmara está a perder 1,2 milhões de euros por mês da sua principal receita (IMT/SISA), continua a gastar muito acima do que pode, as dívidas acumulam-se milhão em cima de milhão, a ruptura financeira é iminente, e a resposta do presidente é, qual comandante de um barco a afundar, que «não há solução para tal descalabro».
Enquanto isso, o PS/Lagos continua a dar-nos música, qual orquestra do Titanic...

1 Comentários:

Às 6:35 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

O que pretendes fazer no dia seguinte?
depois da vitória?

Cortar aonde?
Ir buscar mais receitas aonde?

Será que destinar parte do novo edificio da CML para uma LOJA DO CIDADÃO em LAGOS,não mataria 2 coelhos de uma cajadada?
de cajadada em cajadada pode ser possivel o retrocesso deste caminho para o ABISMO.

ET

 

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