Insuspeito

Ambiente e Urbanismo. E-mail: nunomarques2009@gmail.com. Também no FACEBOOK, em www.facebook.com\nunomarques2009.

25 março 2012

Aprender com os erros (opinião publicada n'O Algarve, 23/Março)



Há mais de vinte anos atrás um grupo de três empresários britânicos amantes de Portugal e do barlavento algarvio em particular decidiu pôr mãos à obra para realizar um projecto turístico diferente. No início da década de 1990, numa altura em que a moda imobiliário-turística era investir onde houvesse vistas marítimas, fazer um campo de golfe de costas voltadas para o mar e de frente para a mata nacional de Barão de São João era algo improvável e em que poucos acreditariam ser economicamente viável.
Fascinados por aquela singular paisagem campestre e convictos do mérito do projecto, os três sócios adquiriram os terrenos para os quais idealizaram um campo de golfe do tipo ‘rural’ conjugado com uma moderada componente imobiliária. Jamais lhes passaria pela cabeça que só vinte anos depois do começo das obras e graças à sua assinalável persistência é que conseguiriam obter a autorização oficial para explorarem o empreendimento...
Inicialmente estimado em €6 milhões, o investimento total acabou por custar €30 milhões, sendo que a sua consumação, apesar de ter derrotado a burocracia, demorou quatro vezes mais o tempo esperado. “Como foi possível?”, interroga-se o comum dos cidadãos.
Como é possível que uma obra que podia ser executada em cinco anos tenha demorado vinte? Quantos empregos não se criaram? Qual o valor em impostos que o Estado deixou de receber ao longo de todo este tempo? Qual a verdadeira dimensão dos prejuízos para o país deste e doutros casos que, embora social e ambientalmente responsáveis, são tão desencorajantes do investimento, seja ele nacional ou estrangeiro?
Ao certo, não se saberá. Mas uma coisa todos sabemos. É que, infelizmente, este não é caso único. E são casos como este que, não obstante o final feliz, foram contribuindo para que muitos desconfiem de Portugal para investir. Ao menos aprendamos a lição, para que os erros se corrijam e a confiança para o investimento e a criação de emprego se restabeleça. Quanto mais depressa isso acontecer, mais depressa sairemos da crise.

Artigo publicado na edição d'O Algarve de 23 de Março.
Na foto: Espiche Golf (2009).

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial