Insuspeito

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15 janeiro 2012

O que podemos fazer por Lagos em 2012?


Foto: portugaltours.com.pt
Artigo publicado na edição de janeiro de 2012 do jornal 'Correio de Lagos'.

O Orçamento e as Opções do Plano para 2012, da responsabilidade do PS, foram aprovados na última sessão da Assembleia. Adivinhava-se que expressões como “contenção” e “redução de despesas” dominariam os documentos e o debate mercê do grave desequilíbrio financeiro em que a Câmara se encontra e da austera ‘dieta’ a que necessariamente vai ter de se sujeitar.

Não obstante o anedótico dos números apresentados (ninguém acredita que a Câmara vai arrecadar este ano o dobro das receitas do ano passado...), a expectativa em torno do Orçamento consistia em saber se era desta que se revelaria a verdadeira dimensão do buraco e quão fundo iriam os cortes, ou se sempre se confirmaria que a capacidade de investimento municipal seria quase zero.

Além disso, olhando para o futuro, o que igualmente importava era ver até que ponto o PS poria de lado a demagogia e seria capaz de produzir um Orçamento credível, assente em projecções realistas e em compromissos de poupança exemplares. Ouvirmos quem nos governa reconhecer os erros que cometeu é sempre um bom estímulo para os cidadãos manterem acesa a chama da esperança e do otimismo, sobretudo quando entramos num ano tão difícil.

Não obstante, disse-o antes, as minhas expectativas eram baixas quanto a assistir a um ‘mea culpa’ socialista pela gravidade da situação financeira municipal ou a ouvi-los falarem verdade sobre a real dimensão da dívida. Não me enganei, de facto. E quanto à razoabilidade na distribuição dos sacrifícios?

Neste contexto tão difícil, será razoável que os contribuintes de Lagos tenham de continuar a sustentar ‘belos’ ordenados de administradores de empresas municipais comprovadamente inviáveis? E não é de espantar que o Sr. Presidente da Câmara Municipal se assuma agora mais ‘troikista’ do que a Troika ao antecipar uma nova reestruturação de serviços conforme o Documento Verde mas ignore outras medidas nele constantes como seja a redução do número de vereadores a tempo inteiro de três para dois?

Perante a falência do seu modelo de desenvolvimento para Lagos, responsável que é pela insolvência de uma Câmara até proibida por lei de aceder ao crédito, o PS vê-se agora na contingência de fazer o contrário daquilo que sempre disse e obrigado, por culpa própria, a reduzir drasticamente os apoios aos mais carenciados, às IPSS, associações culturais e desportivas ou às freguesias. Em Lagos, com muita e franca tristeza o digo, e repito, cumpriu-se a velha máxima que diz: “Os piores inimigos das políticas sociais são os executores de políticas económicas incompetentes e irresponsáveis”.

Na altura certa, em tempo devido, alertei para o que poderia acontecer se não corrigíssemos a rota. Creio, por isso, que a maioria dos lacobrigenses compreendem hoje muito bem que, a mim em especial, não seria justo exigir-me que agora me associasse à ‘terapia de choque’ de um problema que não criei e que tudo fiz para evitá-lo. Quanto à abstenção na votação do Orçamento, essa seria sempre uma hipótese a ponderar, assim o PS fosse também, por uma vez, rigoroso na apresentação dos números e razoável na distribuição dos sacrifícios, facto que manifestamente não aconteceu.

Neste quadro em que os bons exemplos não vêm de cima como deveriam, teria eu então alguma obrigação de embarcar no mesmo barco do PS/Lagos no Orçamento deste ano e comprometer-me com as duras medidas anti-sociais nele previstas... só porque sim? Que justiça haveria nisso?

Perante a certeza de que o PS nenhuma esperança mais é capaz de dar às gentes de Lagos, que melhor desejo poderei eu ter para o Ano Novo do que acreditar que os lacobrigenses vão reagir, aproveitar para se questionar sobre o que cada um de nós pode fazer pela sua querida terra e começar a pensar a sério em quem podem, de facto, confiar para mudar Lagos de verdade a partir das Autárquicas de 2013?

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