Por terras de um "imperador"

1. Rui Hortelão, sub-director do Correio da Manhã, em editorial assinado no passado Sábado, considera que "só o facto de Júlio Barroso ponderar a hipótese de contratar um dos mais famosos - logo, um dos mais caros - arquitectos da actualidade, é comparável aos megalómanos Napoleão e D. Sebastião, em que até o nome remetia para o exagero", por acabarem em "ão".
Em causa, a ideia de trazer a Lagos o famoso arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer para projectar o "Fórum Nacional dos Descobrimentos", projecto de que alguns de nós sabemos pouco menos do que o mínimo, e de que a maioria dos lacobrigenses não sabe rigorosamente nada. Nomeadamente, quanto custa e quem paga?
Em síntese, o que R. Hortelão quis dizer é que deveria ser convidado um arquitecto português e não um brasileiro.
E que Niemeyer está para o Fórum Nacional dos Descobrimentos como o inglês Norman Foster ou o francês Jean Nouvel estariam para o "Fórum Nacional do Samba".
E ainda que Júlio Barroso, de quem diz que nem nome de imperador lhe falta, está a querer estender o pé muito para além do seu lençol, certamente por entender que em tempo de vacas magras não há dinheiro para pagar luxos.
Ora, pelos vistos, Rui Hortelão não sabe da missa nem a metade no que toca aos hábitos políticos de um presidente de "muita farra e pouca uva".
Quando souber, o presidente-imperador que se cuide...
2. A situação na Adega Cooperativa de Lagos é insustentável.
O sucessivo e permanente amadorismo, a crise directiva, a recente venda das instalações a um promotor imobiliário e a promessa incumprida de Júlio Barroso de localizar e ceder terreno para construir a nova adega, tudo somado, não é bom presságio.
Isso, mais o chocante espectáculo do apodrecimento da uva na vinha e, sobretudo, nos contentores estacionados em fila à porta da Adega, exigem apuramento de responsabilidades e os convenientes esclarecimentos.