Ganhar, ganhar, custe o que custar.

Numa altura em que todos falamos do estado miserável a que a democracia chegou, o mínimo que as pessoas podem exigir dos políticos é que não faltem à verdade. É o mínimo.
E quando, para além dos jogos de palavras e da demagogia, se faz uso da mentira para alcançar objectivos eleitorais, reúnem-se as condições ideais para afundar ainda mais a democracia que temos.
Várias têm sido as ocasiões em que, enquanto rosto de uma oposição democrática e livre ao "poder absoluto" do Partido Socialista em Lagos, assumi o ónus da denúncia pública e frontal de tudo o que politicamente me pareceu pouco sério, desonesto e falso.
Fi-lo apenas e só com o sentido de responsabilidade a que as minhas funções me obrigam. Por respeito para com os lacobrigenses e para com a democracia, é claro.
Faço-o hoje, de novo. Com a mesma responsabilidade. Com a mesma indignação.
Enquanto vereador da Câmara Municipal de Lagos, sinto-me insultado.
Enquanto cidadão de Lagos, sinto-me enganado pelo meu presidente de Câmara.
Diz Júlio Barroso no último "Correio de Lagos": "No início do mandato, questionei a oposição se estava disponível para o exercício de qualquer pelouro municipal tendo recebido uma resposta totalmente negativa."
Nada mais falso!
Na reunião de 9 de Janeiro de 2002, o presidente da Câmara declarou "que se encontrava na disposição de atribuir tarefas específicas aos senhores Vereadores do PSD, tendo os mesmos manifestado a sua receptividade em ouvir as propostas do senhor presidente face às quais decidirão quanto à sua aceitação ou rejeição" (sublinhado meu).
Isto foi dito em público e consta da Acta da respectiva reunião. E fui eu que o disse.
E o mais que foi dito e escrito a este propósito - inclusivé na presença de muitos outros cidadãos deste concelho e de alguns jornalistas desta terra -, e que também consta da mesma Acta, foi que: "ficou assente que o assunto será objecto de apreciação, em próxima reunião."
Nunca, em nenhuma outra reunião, esta matéria voltou a ser apreciada. Como nunca houve nenhuma proposta concreta do presidente da Câmara para o efeito. E por isso convido Júlio Barroso a provar o oposto.
Que fique claro, pois, o seguinte. Com ou sem desmentido.
Nunca o actual presidente concretizou qualquer convite à oposição para aceitar qualquer pelouro.
Por isso, nunca a oposição municipal lhe deu qualquer resposta sobre o assunto, negativa ou positiva.
Quem diz o contrário, mente!
Na ocasião foi até inequívoca a disponibilidade que manifestamos para discutir uma proposta concreta. Como mandam as regras da boa oposição. Aquela que tem respeito por quem a elegeu, mente aberta para melhorar o seu concelho e está para ajudar a construir um futuro melhor para todos.
Portanto, mais uma vez, o presidente da Câmara de Lagos mentiu.
E quando assim é, é uma vergonha. Para ele e, sobretudo, para Lagos.

PS: Também não fica bem ao presidente dizer que "procurou, com insistência, associar a oposição em algumas das decisões mais importantes para o concelho" quando nunca, em quatro anos, a oposição foi chamada por si para conversar previamente sobre o que quer que fosse.