Insuspeito

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02 abril 2005

Mudança - evolução ou oportunismo?

Não era preciso somarmos as palavras de Jorge Coelho, quando diz que "Mário Soares é a principal referência dos socialistas", às palavras de José António Saraiva no último "Expresso", quando diz - aludindo particularmente ao PS e a "grandes figuras políticas" como Mário Soares -, que estes "não se regem por regras e princípios mas mudam de opinião consoante as circunstâncias", para que percebêssemos tão bem porque é que, por exemplo, há meia dúzia de anos, o PS lacobrigense inviabilizou a empresariação municipal das Águas e, meia dúzia de anos depois, foi tão convictamente a favor do ruinoso negócio da venda do Sistema de Tratamento de Esgotos à empresa Águas do Algarve, por 2,3 milhões de contos. E por um encargo para a Câmara da ordem dos 500 mil contos anuais, durante 30 anos seguidos! 500 000 X 30, é só fazer as contas e esperar pelo aumento das tarifas. Todos vão pagar caro pelos erros só de alguns.
No passado o PS era oposição, hoje é poder.
Lembro-me de, na reunião de Câmara em que esta decisão foi tomada - com os votos contra dos vereadores do PSD -, designadamente, ter feito lembrar a Sr.ª Vice-Presidente de que, poucos anos antes, na Assembleia Municipal, foi ela uma fervorosa adepta do NÃO à mera concessão da gestão das Águas, e agora uma entusiasta do SIM à alienação total e completa do Sistema. Disse-me que, "mudar de opinião era natural". E eu disse-lhe que, em política, mudar de opinião tão rapidamente como ela mudou era de uma incoerência inaceitável.
Em coerência comigo e com a posição defendida no passado pelo meu partido, se é que interessa para o caso, defendo a modalidade alternativa do arrendamento do Sistema, a qual significa, na prática, manter a posse do Sistema, conceder a gestão e receber uma renda em troca. Continuo a pensar que essa teria sido a melhor decisão.
J. A. Saraiva cita o poeta para dizer que "O mundo é feito de mudança", para logo dizer que "a mudança de opinião ao sabor do vento significa quase sempre oportunismo". O que o leva a concluir que "esta forma sectária e mesquinha de encarar a política é uma das razões do nosso atraso".
Na entrevista ao "Correio de Lagos", quando o jornalista lhe pediu explicações sobre a venda dos esgotos, Júlio Barroso, explicou que "as decisões políticas têm de ser analisadas no contexto em que são tomadas e se, em determinados momentos, são admissíveis socialmente ou entendidas e razoavelmente explicadas aos cidadãos, noutros poderão não sê-lo."
Acho que perdeu tempo com a resposta. Bastava-lhe ter dito que, sendo ele do PS, a pergunta lhe parecia muito estranha...

3 Comentários:

Às 10:09 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

AH...o j.a.saraiva....esse sENHOR?OK !!!
Esta semana li algures-já pareço o Sócrates,sempre a CITAR (o que vale é que não sou só eu,ufa)-que não podemos trocar a demagogia pela democracia.
Quando à coerencia.É concerteza um princípio de elevada grandeza mas temos que estar atentos para que à custa da dita não nos tornemos enfadonhos, cinzentões e (ena)pouco visionários,...é que isto vai andando para a frente se ainda não repararam !!! J.B.

 
Às 1:15 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

Todas as pessoas quer saibam ou não,quer queiram ou não são actores com determinados papeis que representam.Esta representação é inconsciente porque se fosse consciente seria totalmente diferente,mas nós não nos apercebemos como saltamos de um papel para o outro e quando casualmente nos apercebemos dizemos que foi com intenção,que foi uma mudança intencional.Na realidade estas mudanças são sempre dominadas pelas circunstâncias!!!
Também nas nossa vidas privadas não é amigo NM???
PP

 
Às 7:18 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

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