Eu vereador me confesso... admirador de Júlio Barroso!

Clique na imagem para ampliar

I

Durante praticamente todo o ano de 2009, e no período eleitoral autárquico ainda com mais frequência, era voz corrente ouvirmos o PS de Lagos dizer que a situação financeira da Câmara não era tão má quanto isso e que o que a Oposição falava e dizia em contrário (com base em informações dos serviços técnicos municipais) era pura demagogia.

Em vésperas de eleições, Júlio Barroso dizia que a situação financeira "agravou-se devido à diminuição das receitas, nomeadamente do IMT, mas está controlada", ou seja, como que a tentar dizer que a situação não era assim tão má como alguns tontos andavam por aí a apregoar aos sete ventos, a tentar assustar as pessoas, etc, etc, etc... (ver esta notícia do Correio da Manhã, de 7 de Outubro)

Poucos meses depois das eleições e dos resultados obtidos (seis meses, mais concretamente), o discurso agora é o inverso. Mal a Oposição fala em fazer-se isto ou aquilo, ou em não fazer aquilo ou aqueloutro, lá vem o mesmo PS autárquico acusar-nos de demagogia, populismo, irresponsabilidade e de outras coisas mais feias que não devo aqui reproduzir por causa do estado crítico a que chegaram as finanças do município e das necessidades reais de poupança.

Agora, "a situação é tão má, tão má, tão má, que nem há dinheiro para pagar as dívidas que temos e vem a Oposição falar-nos em aprovar mais esta ou aquela proposta!? Era só o que faltava!" exclamam.

"Tomara haver dinheiro para pagar os ordenados do pessoal...", pensam e insinuam.

Em face disto, é ou não é justo reconhecer o admirável mérito de quem iludiu como iludiu os lacobrigenses, primeiro escondendo de toda a gente a dura realidade das contas municipais, omitindo-a do discurso e do programa eleitoral, e logo a seguir tomando as medidas de brutal aumento fiscal municipal que temos vindo a conhecer nos meses que se seguiriam, sem previamente terem tido a coragem e a seriedade de falar aos lacobrigenses o que estavam a pensar fazer logo no dia a seguir às eleições? É obra.

Acho que devemos todos reconhecer que, se há alguém que possui o dom de iludir as pessoas, com arte, com muita arte mesmo, esse alguém é Júlio Barroso e a sua equipa.

Eu cá já o fiz, pessoalmente, em público, cara-a-cara com o nosso presidente, numa das últimas reuniões de Câmara. Ficou gravado e tudo.

Confesso-me: a minha admiração por ele nesse capítulo é mesmo muito sincera.

(É um dom que eu não tenho.)