Insuspeito

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24 agosto 2008

Autarquias podem fazer um melhor combate à pobreza

O número de casos de pobreza extrema tem vindo a crescer na região algarvia.
Diz quem conhece os números que são já mais de 80 mil pessoas a viverem no limiar da pobreza, o que significa cerca de 20% da população residente, com especial incidência na população idosa.
Ora, não obstante tratar-se de um assunto delicado para uma região cada vez mais dependente do Turismo e do "paraíso" que os seus operadores se esforçam por vender (e no Paraíso não há pobres nem crimes...), é minha opinião que o assunto tem de ser definitivamente encarado de frente por todos os algarvios e colocado no topo das agendas políticas dos 16 municípios da região.
É certo que os sucessivos governos têm feito muito pouco para combater a pobreza no país e no Algarve. Mas também acho que as Câmaras Municipais e os seus autarcas, em virtude dos meios que têm ao seu dispôr, podem fazer muito mais do que aquilo que actualmente fazem ao nível das políticas sociais.
Por muito que tentem demonstrar o contrário, as Câmaras algarvias são as mais ricas do país em termos de arrecadação de receitas.
E, por muito que nos digam, e com razão, que há inúmeros factores que estão na base da pobreza e da sua especial incidência na população sénior -muitos deles de índole estrutural, é certo-, ao nível das políticas locais há respostas que podem ser dadas com vista a aliviar os encargos médios das famílias e a contribuir para a geração de poupanças que lhes dêem a possibilidade de ter os idosos à sua guarda.
Baixar os impostos municipais sobre imóveis, evitar lançar derramas sobre as empresas, reduzir tarifas de águas e esgotos, sobretudo a quem tenha idosos a cargo, não permitir a proliferação de grandes superfícies comerciais que "dizimam" as micro e pequenas empresas, na sua maioria de base familiar, combater a sério a sazonalidade turística para aumentar os proveitos das empresas ou investir em eventos e animação turística em benefício das economias locais e não do retorno para os "promotores-predadores" de Agosto, os quais cobram muito às Câmaras e deixam cá poucos ou nenhuns dos seus lucros, são apenas algumas medidas que estão ao alcance das autarquias para ajudar as famílias algarvias a criarem riqueza, a viverem melhor e a oferecerem mais conforto a si próprias e a quem tenham à sua guarda.
É claro que só isso não chega.
Também é certo que as Câmaras fazem muito mais hoje do que há uns anos.
Mas está ao nosso alcance fazermos mais e melhor em benefício dos nossos e cumprirmos verdadeiramente o nosso papel social, o qual não se esgota na "acção caritativa" que caracteriza boa parte da política social da maioria das Câmaras.
Se não for esse o caminho, amanhã serão muitos mais os velhos e muitíssimos mais os menos velhos a precisarem inscreverem-se no rendimento mínimo ou a recorrerem ao Banco Alimentar.
Está, portanto, ao alcance das Câmaras e dos seus autarcas contribuirem decisivamente para que tal não aconteça.
(Voltarei ao tema)
Leia também no 'Canallagos', aqui.

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